Brasília – O Ministério da Economia deverá fazer uma revisão de sua previsão para o superávit da balança comercial brasileira apresentada no início do mês de julho, apontando para um megassaldo de US$ 105,3 bilhões, cifra considerada “impossível de se alcançar” pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
Ele acredita que a estimativa deverá recuar para algo entre US$ 60 e US$ 70 bilhões, dentro das expectativas projetadas pela AEB em sua projeção da balança comercial para 2021, com um superavit de US$ 69,018 bilhões.
Ao comentar os números divulgados ontem (2) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, informando que até o mês de julho a balança comercial acumulou um saldo de US$ 44,127 bilhões (resultado de US$ 161,416 bilhões em exportações e importações no total de US$ 117,289 bilhões), José Augusto de Castro afirmou que “não estou preocupado com o superávit porque, como sempre digo, superávit é consequência. Estou preocupado é com a causa e a causa seria as exportações alcançarem US$ 307 bilhões. Esse é um número inviável de ser alcançado porque não temos produtos para justificar uma exportação dessa magnitude”.
Para que as exportações alcançassem essa marca histórica e, em consequência, permitisse a obtenção de um superávit superior a US$ 105 bilhões seria necessário que o Brasil tivesse não apenas uma pauta exportadora mais ampla e diversificada mas também que aumentasse consideravelmente o volume dos produtos que tradicionalmente embarca para o exterior.
Segundo o presidente da AEB, “não podemos nos esquecer de que apenas três produtos, soja, minério de ferro e petróleo, representam 41% da nossa pauta exportadora. Ou seja (para atingir o superávit projetado) esses três produtos têm que ter um crescimento fantástico, e nós estamos vendo exatamente o contrário. Em relação à soja, até o mês de julho já foram embarcados 66% da projeção realizada e restam 34% a serem embarcados. No tocante ao minério de ferro, os preços estão caindo e, infelizmente, a tendência é de que daqui para a frente se acomodem ou mesmo caiam um pouquinho mais. E em relação ao petróleo está havendo uma forte queda na quantidade exportada e não sei se é uma coisa estrutural ou conjuntural, mas nesse mês de julho tivemos uma queda de 50% nas exportações de petróleo”.
Nesse cenário, José Augusto de Castro afasta qualquer possibilidade de se conquistar o gigantesco saldo projetado pela Secex há exatos dois meses. Para ele, “com certeza, as exportações de US$ 307 bilhões não serão alcançadas e, por consequência, o superávit e US$ 105 bilhões também não. O saldo comercial deverá ficar entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões, conforme consta da minha projeção”.
Para o presidente da AEB, “o mais provável é que mais adiante a Secex refaça a sua projeção, ao sentir a impossibilidade de se atingir os dados de exportação previstos. Isso é algo que já tínhamos comentado antes ao falarmos sobre as dificuldades de se atingir aqueles números e por isso acreditamos que o governo fará uma revisão de suas previsões”.
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