Brasília – Com o início da retomada da economia mundial, as exportações brasileiras responderam positivamente no primeiro semestre de 2021. No período, a corrente de comércio do Brasil com o mundo foi de US$ 236,1 bilhões. Desse total, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 65% são de exportações para cinco grandes parceiros comerciais – China, União Europeia, Estados Unidos, Mercosul e Japão.
Juntos, eles totalizaram exportações de US$ 88,4 bilhões no primeiro semestre. O maior volume foi para a China, com US$ 47,2 bilhões, uma alta de 39% na comparação com o primeiro semestre de 2020. Em seguida vem a União Europeia, com US$ 17,8 bilhões (+26%); seguida por Estados Unidos, com US$ 13,3 bilhões (+10%); Mercosul, com US$ 7,9 bilhões (+46%); e Japão, com US$ 2,2 bilhões (+22%).
Quando considerados esses cinco principais parceiros juntos, a soma de 2021 teve alta de 31,8% em relação ao mesmo período de 2020, sendo o maior dos últimos 5 anos. Como as exportações totalizaram US$ 136,4 bilhões (+35,5%) e as importações somaram US$ 99,4 bilhões (+26,8%), o saldo comercial do semestre é de US$ 37,1 bilhões, o que representa um crescimento de 66,3%.
Pós-pandemia: CNI vê cenário para aprofundar relações com os principais parceiros comerciais
Diante do complexo cenário imposto pela pandemia de Covid-19, a CNI avalia que o Brasil precisa aproveitar o momento para aprofundar a integração com seus principais parceiros comerciais e, assim, garantir a volta do crescimento econômico sustentado, dos investimentos e do emprego. Para o superintendente de Desenvolvimento Industrial da Confederação, João Emilio Gonçalves, o crescimento no fluxo de comércio mundial é uma oportunidade para o Brasil priorizar e intensificar ações.
“Essa agenda inclui ações que vão desde a celebração de acordos comerciais, passando pela eliminação de barreiras impostas por essas economias às exportações brasileiras, até a realização de rodadas de negócios entre empresários desses países. Nosso objetivo é aproveitar essa janela de oportunidades no comércio mundial para dinamizar nossa relação com esses países e melhorar a qualidade da nossa pauta de exportações”, avalia.
No entendimento da Confederação, no entanto, essa pauta será mais bem-sucedida se andar em paralelo com uma agenda de reformas estruturais, como a tributária, e outras medidas de competitividade do comércio exterior. Entre as principais reformas de comércio exterior estão a conclusão da agenda de facilitação de comércio, iniciada em 2013 e cujos programas precisam ser finalizados, a remodelagem do sistema de financiamento e garantias às exportações, a reformulação da lei de preços de transferência, dos lucros das multinacionais no exterior e do modelo brasileiro de acordos para evitar dupla tributação.
Brasil tem desafio de diversificar pauta exportadora para a China
A China deslocou a União Europeia como destino das exportações brasileiras, tornando-se, desde 2019, o principal mercado externo do Brasil e também origem das importações do país. No primeiro semestre de 2021, o país asiático foi destino de nada menos que 35% dos produtos brasileiros vendidos ao exterior. No entanto, o Brasil tem um grande desafio: mais de 80% das exportações concentradas em 3 produtos (soja, minério e petróleo). É preciso diversificar e desconcentrar as exportações ao país.
Na avaliação da CNI, além de trabalhar para ampliar a competitividade internamente, reduzindo o Custo Brasil, a busca por esse equilíbrio passa também por uma postura proativa do governo brasileiro para retirar barreiras impostas pela China aos nossos produtos e na postura de demandar a aceleração de reformas de mercado na China, para que as regras internacionais sejam mais seguidas pelos exportadores do país..
Queda de participação na UE precisa ser revertida
A União Europeia é, hoje, o segundo mercado externo mais relevante para o Brasil. No primeiro semestre de 2021, o bloco respondeu por 13% das exportações brasileiras. O problema é que ele tem perdido participação, uma vez que, até 2019, ocupava o primeiro lugar tanto nas compras do Brasil quanto nas vendas do país ao exterior.
Para reverter esse quadro e fazer com que o Brasil recupere espaço nas exportações, a CNI defende a rápida aprovação e implementação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Diferentemente da China, o Brasil tem um comércio mais equilibrado com países europeus, exportando tanto produtos básicos como industrializados.
Oportunidade de aproximação com EUA em busca de livre comércio
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras de produtos industrializados, recebendo cerca de 25% dos industrializados do Brasil. Junto com o Mercosul, os Estados Unidos são o destino cujas vendas mais geram empregos, tributos e impactos em cadeia para o Brasil.
A CNI avalia que Brasil e Estados Unidos, com economias que já são altamente integradas, encontram agora uma oportunidade histórica para lançar uma agenda de acordos visando preparar o empresário brasileiro para um livre comércio.
O setor privado tem grande expectativa para o início das negociações para evitar a dupla tributação, remover barreiras ao comércio e aprovar acordos que estão no Congresso como o de facilitação de comércio e coerência regulatória. Ao mesmo tempo, a indústria trabalha seguindo um roadmap de ações para se preparar para as negociações de um acordo de livre comércio.
Mercosul: busca por mais integração e crescimento econômico
A CNI avalia que o bloco trouxe inúmeros benefícios econômicos e sociais ao Brasil, mas que é necessário avançar mais na integração. Para o setor privado, as prioridades na agenda do bloco incluem a retomada do crescimento econômico nos países do Mercosul, maior participação do setor empresarial na agenda econômica e comercial do bloco, e, sobretudo, o fortalecimento do livre comércio e a ampliação de acordos comerciais com terceiros mercados que representem ganhos efetivos.
Entre os acordos, a CNI defende a conclusão dos tratados com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e a celebração de acordos com Canadá, México, América Central e Caribe, Reino Unido e Estados Unidos.
Por fim, o Brasil precisa incorporar acordos já celebrados entre os países do Mercosul, mas parados no Congresso Nacional, como o de compras públicas, que dá acesso a um mercado de cerca de US$ 100 bilhões e o de facilitação de comércio que ajuda a remover encargos e taxas desnecessárias no comércio entre os países.
Japão e Brasil precisam destravar agendas
Brasil e Japão são parceiros comerciais e de investimentos de longa data. As exportações brasileiras para o Japão aumentaram de US$ 1,8 bilhão no primeiro semestre de 2020 para US$ 2,2 bilhões no primeiro semestre deste ano. No entanto, a série histórica mostra queda ao longo dos anos. Na avaliação da CNI, os governos brasileiro e japonês precisam ser ativos para destravar a agenda, sobretudo com a negociação de um acordo comercial.
A CNI defende também uma agenda de retirada de barreiras comerciais no mercado japonês, como o “gate price”, uma tarifa de importação estabelecida pelo Japão para proteger os produtores nacionais de suínos e que incide sobre todos os produtos de carne suína importados, independentemente do país de origem.
Outra prioridade na agenda bilateral é a conversão do acordo de compartilhamento de exames de patentes (PPH, na sigla em inglês) entre o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e o Japan Patent Office (JPO) em permanente. O setor privado também defende a internalização do Acordo sobre Assistência Administrativa Mútua e Cooperação em Assuntos Aduaneiros, firmado em 2017 pelos dois países.
(*) Com informações da CNI
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