De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ano passado as vendas externas para o mercado americano tiveram uma forte contração de 23,7% e somaram US$ 21,4 bilhões.
No mesmo período, as exportações para a China, principal parceiro comercial do Brasil em todo o mundo, subiram 6,8% para US$ 67,6 bilhões e em relação à União Europeia e ao Mercosul, a queda nas exportações brasileiras foi de, respectivamente, 13,7% e 17,7%.
Maior parceiro comercial do Brasil, a China concentra as importações em commodities de menor valor agregado e apenas três desses produtos respondem por 71% de todo o volume embarcado para a China. São eles soja (participação de 31%), minérios de ferro (27%) e petróleo (17%).
Em contrapartida, apesar do total exportado ser significativamente inferior ao volume embarcado para a China, a pauta exportadora para os Estados Unidos tem entre os principais destaques os bens manufaturados.
Entre os destaques aparecem os produtos semi – acabados de ferro ou aço (8,9%), aeronaves (7,7%), celulose (4,4%) e demais produtos da indústria de transformação (4,2%).
Com relação às commodities, apenas o petróleo aparece entre os principais produtos exportados para os Estados Unidos, com uma participação e 6,2% nas vendas totais para o mercado americano.
Apesar desses dados relevantes, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o Brasil precisa criar condições para voltar a ser um importante exportador de produtos manufaturados para os Estados Unidos, como acontecia até recentemente.
“entre 1980 e 2000, entre os dez principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, oito eram manufaturados. Esse percentual foi caindo a cada ano e hoje está distante de ter essa representatividade. Um exemplo claro dessa queda está relacionado às exportações de calçados. No passado, o Brasil era o maior exportador mundial de calçados para o mercado americano e hoje o Brasil não aparece nem entre os dez ou quinze maiores exportadores para os Estados Unidos. Estamos perdendo importância nas exportações para o mercado americano e isso é o que tem que ser recuperado”.
José Augusto de Castro(foto) destaca ainda que “tradicionalmente o Brasil sempre teve superávits relevantes no comércio com os Estados Unidos mas ultimamente temos tido déficits com esse importante parceiro. Em 2020, a balança comercial proporcionou aos americanos um superávit de US$ 2,664 bilhões. Mas déficit ou superávit não importam. Na realidade, o que importa é que nós temos uma pauta pobre de exportações para os Estados Unidos, considerando que essa já foi uma pauta expressiva. Um dado importante é que no passado, os Estados Unidos eram o destino final e 25% de tudo o que o Brasil exportava para o mundo e ano passado esse percentual foi e apenas 10,2%”.
Aumentar a participação dos Estados Unidos nas exportações totais do Brasil é algo que não depende apenas dos americanos. Para o presidente da AEB, “o aumento das vendas para os Estados Unidos somente acontecerá quando reduzirmos o chamado Custo Brasil, que foi aumentando progressivamente nos últimos anos. Se não fizermos as reformas estruturais não vamos ter preços competitivos e sem preços competitivos não conseguiremos participar do mercado americano e nem estar presente na maior vitrine comercial do mundo”.
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