O Estadão/Broadcast teve acesso a um relatório da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) com um balanço sobre as ações das empresas do setor no enfrentamento à covid-19.
Estão paradas FPSO Capixaba (FPSO-CAPX), operada pela SBM, e as plataformas de Namorado 2 (PNA-2), Garoupa (PGP-1) e Cherne 1 e 2 (PCH 1 e PCH 2), da Petrobrás – a companhia nega a informação. A morte de um funcionário que havia estado na FPSO Capixaba no dia em 23 de agosto, já no continente, levou à paralisação da unidade para higienização. O reembarque de empregados e retorno da produção está previsto para sábado, 5, de acordo com o relatório.
O Estadão/Broadcast procurou o órgão regulador, que não confirmou nem negou a autenticidade do documento e disse que não pode fazer comentários sobre plataformas paradas por causa do novo coronavírus. Segundo a agência, até 23h59 da última quarta-feira, 1, havia 2.185 casos confirmados no setor de petróleo e gás, dos quais 1.729 se encontram recuperados.
A maioria dos casos confirmados, ao todo 1.652 profissionais, segundo a ANP, acessou instalações marítimas de perfuração e produção de petróleo e gás natural, e três deles morreram. Houve ainda o registro de três mortes, a última em 23 de agosto, conforme afirma o documento ao qual o Broadcast teve acesso.
Em nota, a ANP informou que recebe dados de casos suspeitos e confirmados de covid-19 enviados pelas empresas que executam atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, de forma a garantir a segurança operacional nas instalações.
“As empresas vêm diminuindo ao mínimo o número de pessoas a bordo, para reduzir a exposição dos trabalhadores à covid-19, e vêm estabelecendo procedimentos de contingência para manutenção das operações de forma segura e em conformidade com a regulação, o que vem sendo acompanhado diariamente pela ANP”, disse a agência.
“Já os procedimentos de quarentena pré-embarque, bem como as alterações na escala de revezamento de pessoal embarcado, vêm sendo fiscalizadas pela Anvisa e pela Secretaria do Trabalho, com o acompanhamento do Ministério Público do Trabalho.”
A ANP não confirmou a paralisação das cinco unidades de produção, mas informou que o protocolo de segurança da agência “determina o desembarque, além dos sintomáticos, de toda e qualquer pessoa que teve contato com casos confirmados, ensejando, no caso em que não é possível manter o staff mínimo para operação segura, na parada de produção”.
Em nota, a Petrobrás informou que as quatro plataformas mencionadas no documento da ANP “foram hibernadas em março de 2020, como parte de uma série de ações para preservar os empregos e a sustentabilidade da Petrobrás”. “Não há relação com casos de covid-19”, disse a empresa.
Segundo a companhia, a hibernação de 62 plataformas em campos de águas rasas das bacias de Campos, Sergipe, Potiguar e Ceará teve início em março, e a informação foi comunicada ao mercado. “Essas plataformas não apresentam condições econômicas para operar com preços baixos de petróleo e são ativos em processos de venda. A parada dessas unidades corresponde a um corte de produção de 23 mil barris de petróleo por dia”, disse a Petrobrás.
De acordo com a Petrobrás, há 100 casos confirmados em acompanhamento, dentre seus 45.403 empregados. “Após identificados, estes colaboradores são orientados a cumprir isolamento e passam a ser monitorados pelas equipes de saúde.”
Procurada, a SBM Offshore confirmou que tripulantes a bordo de navios no Brasil testaram positivo para o coronavírus, mas, por questões de privacidade, não informou a identidade dos empregados nem a embarcação em que trabalham. A empresa negou ainda que tenha registrado mortes entre seus empregados.
“A SBM Offshore confirma que tripulantes a bordo de seus FPSOs offshore no Brasil testaram positivo para a covid-19. Por enquanto, alguns não apresentam sintomas e outros apenas sintomas leves e não necessitaram de internação hospitalar”, disse a empresa. “Algumas pessoas já desembarcaram e estão sendo direcionados para quarentena em um hotel, acompanhados de perto pela equipe médica da SBM Offshore.”
Ainda de acordo com a SBM, as equipes passam por uma quarentena monitorada e são realizados dois testes do tipo PCR com intervalo de 72h antes do embarque ser liberado. “Desta forma, quaisquer casos positivos identificados deixam de ir para o mar e recebem cuidados médicos em terra.”
A empresa disse que a saúde e a segurança dos clientes, funcionários e fornecedores é prioridade e que, a bordo, mantém medidas preventivas em vigor, como distanciamento social e reforço da higiene.